☕ Representatividade nos mangás: Os desafios em ser LGBT em Shimanami Tasogare


Quando falamos de mangás com conteúdo LGBT, é fácil pensar logo nos gêneros Yaoi/Yuri, porém não é sempre que esses mangás tem uma representação real da comunidade queer e costumam trazer elementos fetichistas. Normalmente, mangás Seinen, Josei ou até mesmo Shounen-Ai, Shoujo-Ai, conseguem trazer uma representatividade melhor.

Portanto, gostaria de apresentar Shimanami Tasogare, um mangá de Kamatani Yuuki, que retrata como é ser gay na sociedade, mostrando o processo de auto aceitação, a dificuldade de se revelar para os próprios pais e amigos, além de retratar homofobia e transfobia. Claro que as experiências relatadas no mangá podem ser diferentes de experiências de outras pessoas, mas foi uma forma que Yuuki encontrou de expor sobre a homossexualidade no Japão, abordando de forma diferente e focando em situações que normalmente não são apresentados em histórias mais comerciais.


Shimanami Tasogare conta a história de um estudante, Tasuku Kaname, que acaba de se mudar para a cidade de Onomichi em Hiroshima. Após se desesperar pela possibilidade de terem descoberto o fato dele ser provavelmente gay, fica convencido que sua vida acabou…. até ver uma mulher pulando da janela de uma casa próxima.

Assim, ele corre em direção à casa e descobre que o local serve como uma pousada pública, no qual a mulher, chamada por todos de Anonymous (Desconhecida), é dona.

O pulo era só pra dar um susto nele, ela tá bem.

Anonymous se oferece para ouvir os problemas de Tasuku, mas não a fim de resolvê-los, mas sim como uma forma dele se entender melhor. Por fim, ela o convida para visitar a pousada e conhecer os frequentadores.

Assim, a representação LGBT é abordado de forma bem interessante e real. Os frequentadores do local são gays, lésbicas e/ou transexuais e todos tem direito a uma parte vaga da pousada para construir o que quiser, seja um negócio próprio, um quarto para ser alugado, etc. Os frequentadores da pousada são apresentados aos poucos, revelando o processo de aceitação e conflitos que passaram e que alguns ainda estão passando.

- Aquela era sua irmã mais nova?
- Não, é minha esposa.

- Gays não são zumbis que andam 24 horas por dia pensando em amor e coisas obscenas!

Entre eles, uma mulher que saiu do emprego após se revelar lésbica para seus colegas de trabalho, que não paravam de comentar sobre casamento, namoro, filhos e que conheceu sua namorada por uma comunidade gay no Twitter; um menino que gosta e se sente bem em se vestir de menina que está incerto sobre seu próprio gênero e também um homem trans que, mesmo se considerando homem, as colegas de classe ainda o tratam como uma mulher.

Enfim, no decorrer da história, observamos todos os desafios e o desenvolvimento de Tasuku em se aceitar e de seguir em frente, com todas as dificuldades e julgamentos por ser homossexual.
- Não acho que tenho que dizer à minha família: "Eu amo alguém do mesmo gênero."


Em relação a arte, o mangá usa muito de cenas mais simbólicas e analogias para algumas situações, com muita atenção nos detalhes, ambientação e na forma de mostrar o sentimento e expressão dos personagens.



Se você está procurando um mangá que tenha representação LGBT, recomendo fortemente Shimanami Tasogare. É um mangá bonito, porém doloroso (pelo menos para esse gatinho que vos escreve).

✧ ✧ SOBRE KAMATANI YUUKI✧ ✧ ✧


Kamatani Yuuki, mangaká, amante de gato e de Naruto, mora em Hiroshima e se considera como não binária (gênero-x no Japão). Uma de suas obras mais famosas é Nabari no Ou e que possui uma adaptação em anime de 26 episódios!

Você pode acompanhar Kamatani no Twitter e em seu site.

Shimanami Tasogare será lançado em espanhol pela editora Tomodomo e em francês pela editora Akata!

Você também pode comprar o mangá em japonês no Ebay, no caso, foi com o vendedor japan-ssdyuk.

- Mesmo que tenha tipos de pessoas similares por aí, não acho que tenham pessoas que tem 100% a mesma orientação.

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